Triumph Bonneville Speed Twin: corpo clássico com alma esportiva

Fonte: Motociclismo online

Quem vê cara não vê coração! A Triumph Bonneville Speed Twin engana: a sobriedade do conjunto não sugere a diversão que ela é capaz de oferecer. A marca inglesa segue firme com sua estratégia de incrementar seu line-up de motocicletas clássicas dando um monte de opções para os entusiastas do segmento. Os ingleses começaram com essa história (agora seguida por quase todas as marcas) e, de longe, são os fabricantes que mais motos (modelos diferentes) desse tipo produz, e parece que o caminho não tem volta.

A tampa (falsa) do tanque com capacidade para 14,5 litros também é charmosa e clássica; debaixo dela, a verdadeira, com a trava da chave. A composição visual geral é bem bacana e é complementada com os dois escapes que mesclam o brilho do metal com a parte da ponteira preta fosca. As rodas de liga são modernosas demais para uma clássica, tanto que, todas as vezes ao conversar sobre a moto com pessoas que estavam admirando-a, a frase “merecia rodas raiadas” foi unânime. De fato, com elas o design estaria mais vintage, mas nem por isso o estilo é comprometido.

Em posição

Subindo na Speed Twin você percebe que está tudo “na mão”: a posição é ereta e confortável, as pedaleiras levemente recuadas deixam as pernas em boa posição para apoiar os pés e aliviar o peso em caso de buraco e a distância do guidão também está correta, deixando os braços semiflexionados, sem causar cansaço.

Pegada esportiva

Agora a parte mais importante: o comportamento dinâmico da Speed Twin. A configuração segue a tradicional das clássicas inglesas: motor de dois cilindros paralelos, 1.200cc, de refrigeração líquida – nesse caso, é o mesmo que equipa a Thruxton R, despejando no virabrequim 97 cv a 6.750 rpm e 11,4 kgf.m a 4.950 rpm de potência e torque máximos. Esses números são capazes de fazer qualquer motociclista sentir ótima sensação ao girar o punho da direita, a resposta é rápida e a pegada joga você para trás, exigindo atenção e força para segurar o guidão.

A subida de giros não é alucinante, mas o motor chega rápido a seus picos de torque e potência, dando prazer ao ganhar velocidade. Na estrada, em sexta marcha, suas retomadas são convincentes e permitem diversão e ultrapassagens rápidas, aumentando a segurança. Os dois cilindros defasados em 270° tem baixo nível de vibração e o que empolga é o som rouco emanado pelas ponteiras e de vez em quando seus pipocos fazem lembrar das motos de competição antigas. No punho é possível selecionar um dos três modos de pilotagem, Road, Rain ou Sport; com ele também é possível desconectar o controle de tração.

Diversão na pista

As especificações das suspensões e dos freios não chamam a atenção em si pelo tipo de equipamento, afinal bengalas tradicionais sem ajustes e dois amortecedores com ajuste simples (de pré-carga das molas) na traseira não são feitos nem foram instalados para alto desempenho, o que também podemos dizer dos dois discos de 305 mm de diâmetro e pinças axiais de quatro pistões na roda dianteira.

Em contrapartida, apesar da “simplicidade”, o conjunto surpreende pelo bom funcionamento. Na cidade as suspensões se mostraram eficazes para absorver as imperfeições dignas de pistas off-road, embora, em alguns poucos momentos, a dianteira chegasse ao final de seu curso. Tive a oportunidade de colocar a Speed Twin na pista e fiquei surpreso com sua pegada em pilotagem agressiva.

Logicamente temos que dar um desconto porque, nessa condição, foi possível senti-la balançar um pouco em curvas de alta e o exagero nas frenagens fizeram a entrada do ABS ser mais precoce, mas ela me divertiu muito (mesmo com a exigência pessoal de não cair com a moto). É notável a facilidade com que você pode colocá-la nas curvas, e as mudanças de direção também não exigem esforço. Os pneus Pirelli Diablo Rosso lll permitem incliná-la até o limite dos parafusos das pedaleiras; não fossem eles, deitaria ainda mais a Speed Twin. Só não sei se ela voltaria inteira para casa, tamanha a empolgação.

Outra virtude desta máquina clássica são os freios, os dois grandes discos de 305 mm são mordidos com eficiência pelas pinças de quatro pistões assinadas pela Brembo, têm bom tato e as frenagens podem ser feitas de forma progressiva, sem a intromissão do ABS, que parece mais intruso na roda traseira, dependendo da situação.

Outros equipamentos como embreagem assistida, iluminação em LED e tomada USB estão no pacote. Entre as clássicas disponíveis de outras marcas que concorrem com a Speed Twin, podemos citar como mais importantes, a nova Honda CB 1000R, que tem mais tecnologia embarcada, mas também é mais cara (R$ 60.900), e a Kawasaki Z 900 RS, que se equipara nos equipamentos, mas, assim como a Honda tem motor de quatro cilindros e também é mais cara (R$ 51.990). Se falarmos de preço, a Kawa é a concorrente, mas se o negócio for desempenho a Honda esta acima das duas.

POSITIVO
• Motor
• Agilidade
PODERIA SER MELHOR
• Banco
• Autonomia

Primeira impressão

Acho que comigo também aconteceu de ver a Triumph Speed Twin e não imaginar que ela seria capaz de tanta diversão. Afinal uma moto clássica (teoricamente) é boa para se passear e se mostrar como um cara descolado. A pegada dela é forte e pode pegar os mais incautos de surpresa, por isso é preciso cautela para girar o acelerador, pois a resposta é imediata. No segmento concorre (fora as outras inglesas) com Honda CB 1000 R e Kawasaki Z 900 RS, que têm configuração semelhante entre si (quatro cilindros em linha), mas o nível de eletrônica embarcada da Honda a deixa no topo em tecnologia.